quarta-feira, 28 de julho de 2010

Infiniteza

Sempre que me descubro,
Acho estranho,
E me procuro de novo.

sábado, 7 de novembro de 2009

Referência

Como, como, como...
Sempre procuramos uma comparação.

Desse modo,
Assim como a águia voa,
Como uma águia,
E a água escorre,
Como, apenas, água,
Escrevo como poeta;
Não porque o seja,
Já que tudo é relativo,
Mas apenas porque sinto.

Noturnidade

Estou à espera
Do que sei que não vem.
Nessa circunstância
Bebo plácido taças de vinho;
Oiço, sereno,
Chuva que cai calma
Aprendendo, com ela,
Calma que quero;

Sôo, sorvendo do silêncio,
O ambiente propício à espera,
Dando a meus desejos
A forma elegante da noite
Translúcida em seus reflexos,
Pelos quais atravesso-me
Por inteiro, e ponho-me
A mim, cabal,
À disposição de um contentamento,
Satisfeito por ter-me sereno.

Sempre

Divagar, e sempre.
A inconstância
De tão presente
Perde-se em sua
própria definição.

Estar inconstante
Seja qual humor for;
Seja alegre,
Seja triste,
É sempre variável,
E sempre, sempre,
A qualquer lugar,
Estar, indiferente;

Porque estar inconstante
Faz da inconstância
Constante sempre.

Portanto sejamos,
Nem assim nem assado.
Sejamos, sempre.

Vento

O vento singra os ares
Chegando-me como um leve sono
Do qual evolam adoráveis eflúvios.

Toca com delicada sutileza os sentidos da brumosa noite,
E deixa que o oiça e que o toque
Porque a ele é da sua própria essência
Deleitar-se pela noite nemorosa.

Ao encontrar em seu trajeto qualquer algo que lhe dificulte a passagem
Sussura palavras em uma língua distante.

Faço desmedido esforço
Abstendo-me de pensar
Porque compreendê-lo torna-lo-ia quase humano
E por assim dizer,
Insuportavelmente desinteressante.

Essa língua incompreensível tem uma sensualidade desumana.

Se me entrego por inteiro ao seu encontro
Posso sentí-lo deslizar em derredor do corpo.
Nos ouvidos, tão próximo,
Faz-me confissões.
Preenche-me com sua inquietude.

Sublimação

Por longe vai, pois
a eternidade amanhece,
e o canto da ternura,
inebria o homem que nasce
no novo dia:

Via da vida,
Pão da brisa, poesia.

Paixão ébria

O temperamento vem do clima curitibano:
-instável.

Pois bem,
sou assim;
tenho minhas paixões,
e pena de mim...

Oh!, vida!
Tu que és tão forte;
sobrevives ao ódio,
ao tédio,
e ao homem.

E o que dizer daquela tristeza,
aquela que bate quando bebemos sozinhos?

Por consolo,
e só por isso,
parece fácil acreditar
seja o momento
de suave
embriaguez;
Bom se fosse:
- sempre há uma pequena a bater forte no peito.

E o corpo cede,
desacreditando do amor.